quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012


"Erico Veríssimo, velho amigo amado, uma das minhas mais duras perdas, me disse quando eu era muito jovem: "Lya, em certos momentos o que nos salva nem é o amor, é o humor."

Lya Luft

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

''Dentro da igreja, ajoelhe-se. No estádio de futebol, grite pelo seu time. Numa festa, comemore. Durante um beijo, apaixone-se. De frente para o mar, dispa-se. Reencontrou um amigo, escute-o.

Ou faça de outro jeito, se preferir: dentro da igreja, escute-O. Durante um beijo, dispa-se. No estádio de futebol, apaixone-se. De frente para o mar, ajoelhe-se. Numa festa, grite pelo seu time. Reencontrou um amigo, comemore.

Esteja, entregue-se.''

Martha Medeiros



quinta-feira, 22 de dezembro de 2011


"Quem me acode à cabeça e ao coração
neste fim de ano, entre alegria e dor?
Que sonho, que mistério, que oração?
Amor."

Carlos Drummond de Andrade


terça-feira, 20 de dezembro de 2011


"Não me deixe viver o que posso, que me seja permitido desaprender os limites".

Fabrício Carpinejar

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

"Não tenho nada a ver com o que é dos outros, sejam roupas, gostos, opiniões,não me escalo para histórias que não são minhas, não me envolvo com o que não me envolve, não tomo emprestado nem me empresto.Se é caso sério eu me dôo, se é bobagem eu me abstenho, tenho vida própria e suficiente pra lidar, sobra pouco de mim para intromissões no que me é ainda mais estranho do que eu mesma..."

Martha Medeiros

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

SUR-PRE-SA


Final de tarde, mormaço, trânsito. Você está literalmente em frangalhos. Trabalhou 10 horas direto, resolveu um monte de pepinos e tudo o que deseja é chegar em casa, tomar um banho, botar uma camiseta limpa e atirar-se na cama com a última Caras. Bendita alienação. Falta pouco agora, você já está com a chave na porta. Entrou. Acendeu a luz.
Sur-pre-sa!!!

Balões caem sobre a sua cabeça. Faixas estão penduradas com durex nas paredes recém-pintadas. Alguém descobriu que você gosta de Claudinho e Buchecha e todos cantam "Sabe, tiu-iu-iu-iu, eu tô louco pra te ver, oh yes". Adeus banho, adeus cama, adeus Caras. Lembraram do seu aniversário. Esqueça que é uma pobre mulher cansada: você agora é uma anfitriã. Surpresa é um acontecimento imprevisto. Você tem 16 anos, transa pela primeira vez com o primeiro namorado e nove meses depois, sur-pre-sa!! Você diz no telefone para sua tia-avó que ela pode aparecer quando quiser, e domingo de manhã, sur-pre-sa!! Seu irmão diz que está apaixonado e saca uma foto da carteira: sur-pre-sa!! Sua futura cunhada usa barba e se chama Diogo.

Surpresa é um susto. Uma taquicardia. Uma cilada. Diz o Aurélio Buarque de Holanda que não, que é apenas um prazer inesperado. Sei: aumento espontâneo de salário, Brad Pitt mudando-se para o seu prédio, um caça-talentos descobrindo você na rua e lhe transformando na mais nova sensação das passarelas de Milão. Acorda! Surpresa é uma mulher da sua idade acreditar em abracadabra.

Gosto, isso sim, de prazeres esperados, conquistados, desejados. O grande barato está em surpreender-se a si mesmo, conseguindo aquilo que tanto se batalhou para ter, seja um estado de espírito ou um apartamento novo. Coisas que caem do céu, mesmo boas, às vezes podem chegar num momento errado, podem não ser curtidas como deveriam por estar fora de lugar, fora de época: talvez você esteja ocupada demais com outras coisas para dar à surpresa o seu devido valor. Planejar a vida, ao contrário do que muitos pensam, não é uma forma de evitar emoção. É uma forma de deixar a porta aberta para que ela não precise arrombar você.

A previsibilidade é um oásis. Se um dinheiro surge de repente na minha conta, acho uma incomodação. Quero antes um extrato, um recibo de depósito, gosto de saber a origem de tudo. Se alguém quer me dar um anel de brilhantes, que não esconda embaixo do meu travesseiro ou dentro do pastel que estou comendo: coloque logo no meu dedo e diga que me ama, está ótimo assim. Se alguém quer me visitar, telefone marcando. Se quer me comprar uma saia, descubra antes em que estado estão minhas pernas. Estudem-me. Surpreendam-me acertando.

Crônica extraída do livro Trem-Bala, de Martha Medeiros.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

"As pessoas sem imaginação podem ter tido as mais imprevistas aventuras, podem ter visitado as terras mais estranhas... Nada lhes ficou. Nada lhes sobrou. Uma vida não basta apenas ser vivida: também precisa ser sonhada"

Mário Quintana

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Carpinejar: eu também "quero uma casa no litoral"!


"Meu desejo é ter uma casa no litoral gaúcho.

Não me aquieto até que cumpra meu objetivo. É uma espécie de aposentadoria, testamento emocional. Uma residência em Porto Alegre e outra para o veraneio. Fugiria nos dias quentes para o refrigério marítimo. Xangri-lá seria minha Isla Negra, onde escreveria as memórias e guardaria a coleção da revista Placar.

Desde adolescente, observo classificados à procura de barbadas. É surgir uma placa de “vende-se” no alto de uma janela que arregalo as sobrancelhas e decoro o número da imobiliária. No celular, deve existir mais de 30 números de corretores.
Sei que os filhos já cresceram, que não vale a pena manter um endereço fechado o ano inteiro para reabrir nas férias, que terei que pagar caseiro, taxas e impostos, que o melhor é viajar pelo país com o mesmo dinheiro.

Apesar das contraindicações, não desisto, teimo que quero e quero, como uma criança segurando chocolate no supermercado. Compenso a falta de argumentos com beiço.
– Você já parou para pensar o motivo de tanta vontade? – perguntou a amiga Diana Corso.
– Para descansar – respondi.
– Me engana que eu gosto, busca uma casa na praia para brincar de Interior.

Sua frase entrou na perna como um anzol. Ela me pescou, tirou o chão das palavras. Exata definição: ambiciono uma casa na praia para reaver a rotina simples e bucólica do interior do Estado, é meu modo de voltar a ser menino e não me preocupar com paranoia, travas, fechaduras, alarmes e cerca eletrônica.

É minha saudade do quintal, das roupas dormindo no varal, do mosquiteiro e das janelas abertas. É minha saudade da facilidade de fazer amigos, do chimarrão na varanda e de brigar sobre política com os vizinhos. É minha saudade de cumprimentar qualquer um que passa pela rua – qualquer um! – sem a necessidade de conhecer. É minha saudade de jogar cartas e rir novamente de piadas antigas. É minha saudade de preparar bolo de surpresa, de cultivar horta, de comprar veneno para formigas. É minha saudade de ser educado e pontual, do artesanato da vida, da carpintaria dos minutos.

Está explicada a adoração do gaúcho pela sua orla. A Estrada do Mar é o nosso túnel do tempo. O fanatismo pelas praias retilíneas é a possibilidade de retornar às origens, a uma época em que as crianças saíam a andar de bicicleta e apenas ressurgiam no jantar. E não havia o medo do pior, mas a confiança no melhor.

Ao passar pelo nosso litoral, vejo empresários cortando a grama, jogadores de futebol arrumando o telhado, pesquisadores varrendo a calçada, um mundaréu de gente morrendo de saudade, como eu, das discretas e deliciosas cenas domésticas e interioranas."

Carpinejar

P.E.R.F.E.I.T.O!

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

"Não, ela não era tola. Mas como quem não desiste de anjos, fadas, cegonhas com bebês, ilhas gregas e happy ends cinderelescos, ela queria acreditar."

Caio...

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

"Não consigo mais aceitar relações pela metade. Em outras palavras, raspas e restos não me interessam."

Caio Fernando Abreu